Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

quinta-feira, janeiro 28, 2010

 
Four

Atrapalhado nas escritas pelo frio do Inverno. Fico bicho de toca urso e texugo. Volta e meia ponho o nariz de fora mas não me sabe. A casa grande mete água e geme com o vento, a húmidade escorre das paredes e cheira tudo a mofo e cigarros velhos, incluindo eu. Saúdo cada novo raio de sol, e as vidas que alumia, mas a mim falta-me um mês para parir. Março é o meu mês. Definitivamente. Baptizo-me peixes.

I

Trespasso a linha horizontal com olhos duros
Procuro mais substância ou alma
Não há ou a mim não cede
Fico igual ao que era ou ao que queria
Igual em intenção e gesto

Multiplicam-se os planos e os vazios
Numa sucessão de fita
Fico igual ao que era ou ao que fui
Iguais em começar e fim

Trabalhar o olhar é trabalhar o verso
Isso sei

II

Redundante a palavra
Imiscui-se pelas pedras
Lagarto de alma

III

O tracejado na estrada quando conduzia
Era igual à felicidade de ultrapassar
Igualmente tenso
Agora, os comboios
São rápidos e fáceis como o que não exige
Como o que não existe
E vou pelas linhas continuas e paralelas
Como num voo absurdo

IV

Redundante a palavra
Imiscui-se pelos céus
Rola de Alma

V

Vai de novo ao sol a cabeça esbracejante
Medusa e serpe e pedra e voo
O queixo encostado ao peito mudo
Redundante a palavra
E o silêncio absurdo

Adenda

Corre pequenino
Pela vida fora
Corre se és menino
Tem de ser agora

Fica pequenina
Sei que és menina
E irás crescer
Se acontecer

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