8º.Hoje não me apetece bater em ninguém. Azar. Ando com a energia em alta, devem ser os cristais de sal que a brisa me traz. Necessito de um escape. Esc.
A informática é linda. Numa só tecla e vromm. Estou fora. É um universo pequenino, o teclado. E dá para muita coisa. Formal e descontrolado, é o que me dá jeito. Ou gesto. Never mind.
Ballads, Coltrane e companhia. São quatro da manhã e o sono não vem. Well, I’m too youg to go stedy. Ou demasiado velho para isto. Isto o quê? Never mind.
TinkerA
Toupeira é um belo Livro
TaylorPara improvisar um verso
Serve
Memorizar a bestialidade do toque
E depois singrar a solidão
Orgulho, orgulho
Peço a uma prosa ausente
Que me invada levemente
Ai praias da Normandia
Quero meus os cornos do Viking
Serve
Taylor made
SoldierNão gosto deles
E eles não gostam de mim
A tropa é sinistra quando sai sem cravo
SpyNas dobras da gabardine
Guarda um segredo fatal
Na há vento que o incline
Nem precipício moral
Quadrado, OA Alemanha de Leste faz-me falta
Pelas nadadoras
Valquírias, eu que odeio Wagner
Eram azuis os fatos
DDR
E ameaçadores
Os braços das brutas
Para um peito meu ainda novo
Desde aí que gosto das mulheres grandes
Mas elas não gostam de mim
Azar
A Droga
Tenho um sono à minha espera no derreter morno da cama. Quando era drogadito, fumava um charro e dormia de olhos abertos pelas noites cristalinas. A minha vida era uma imensa insónia, e os sonhos eram mesmo coisas palpáveis. A droga é boa, o que toda a gente sabe. Mas faz mal. Deteriora a qualidade onírica. O sonho deve ser inconcreto.
Hoje dei folga ao Carnaval. Devem ter dado pela minha falta, mas sabem amanhã. E têm esperanças. Orgulho, orgulho.
Interlúdio Romântico
Passado
Na madrugada acorda-me o teu cheiro
Vem do passado; já não dormes a meu lado
Na madrugada és fantasma; assombrosa, ainda
Tem o meu nariz a matriz do teu odor
O coração a tua forma, perdido amor
Bate ainda para ti e porque sim
Porque tem de bater; não estou ainda morto
Já não durmo a teu lado; já nem durmo
Desperta-me o nariz; outros sentidos
Acordam após, em sucessivas vagas
Maré, este desejo; onda na praia após onda na praia
Dói-me a tua ausência aos sentidos
E sem sentido é tua ausência; pois estou triste
Que partiste e levaste-me contigo
E eu não estou assim aqui; eu estou contigo
Este que acordou já não sou eu
Eu era tudo o que levaste; o teu cheiro, o teu cabelo
Eu era só o amor que por ti tinha
Vénia
Como fiel de uma religião bizarra, que nas suas teias legais obriga a peregrinações diárias, venho aqui; obrigado por fé em algo maior, posto em orações ( gramaticais ). Hábito, blogar? Vicio?
Este meio é um misto de catolicismo e de psiquismo infanto-juvenil. Eu explico: retira ao estar católico a confissão; entra-se, ajoelha-se por detrás ( pela frente ) de uma redinha, desbobina-se o rol pecaminoso ( post ), é-se perdoado com uma multa de pais-nossos e ave marias ( coment ). É de raiz infanto-juvenil porque é um local só nosso onde só colocamos o que nos apetece; é um princípio de egoísmo e de fruição de um auto-espaço, fechado e controlável; o chamado síndrome do pequeno diário.
Elaborando: Espaço próprio, único e intransmissível; no entanto aberto à crítica, ao comentário, ao aplauso, mas de pares; há nos bloguers indícios de mentalidade aristocrática; democratas, mas bem falantes, bem pensantes, ilustrados e cosmopolitas. No rol me incluo. Então se não aprecio a companhia, que faço aqui? Nos meus princípios, treinaram-me no respeito à autoridade, á vontade maior. E se concluo isto religião, devo a devida vénia à divindade. Vénia.
Desinspirado
Vou dormir. Amanhã pego nisto outra vez. Vem aí a vaga de sono. Hoje vi o mar ainda de manhã, a onda delicadamente redonda do Furadouro. Bela Praia Assassinada. O truque é olhar apenas para o mar, sem nunca voltar os olhos para o susto. Quem te viu toda de casinhas de um só piso. E a Avenida, onde se circulava em círculos, porque era bem, e depois parava-se nas esplanadas para o café, e olhava-se, sempre em frente e nunca de forma obvia, para os circulantes, depois circulava-se outra vez, num carrossel pontuado pelos bancos que eram de madeira e tinham uma tábua branca e outra amarela em listras de zebra com problemas na formatação da cor. Só que ainda não havia formatação. E o outro PC era ainda ilegal.
Fim D’hoje
Grito
Eu sou o que prefere o silêncio ao grito
A caneta à espada, a flor ao fruto
Eu sou do ar mas o meu corpo é água
Eu sou do vento mas não parto com ele
Eu fico sempre á espera de algo mais
De mais ar, de mais luz, de mais vida
Mas aceito-os limitados e estreitos
Para mim eles são e basta
O que me define são as minhas fronteiras
Não o que contenho, mas o que me contém
O que me guia são estrelas, mas eu não vou
Eu fico sempre aqui á espera de algo mais
.
Adenda
Na minha cronologia brusca moram pecados, cometidos em várias capitais
No punho erguido e no pregão, despontam as cores novas, timidamente
Já me voam as andorinhas transtornando o meu peito migrador
Ai vem, vem ter comigo mais calor