Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

segunda-feira, março 12, 2007

 
13º.

Fosse o caminho linear, seria o destino sempre igual. Mas, como não é, o problema é a duração. O fim, esse é sempre o mesmo, o que varia é a medida em que recordamos e em que somos recordados. O Herói morre novo e deixa marca, o pobre morre novo e marcado. Há quem escreva um Leopardo e conquiste o Mundo, há quem escreva uma Clepsidra e conquiste um bairro. O sábio morre velho e sábio, o inepto morre velho e sabendo que foi inepto. Só que o sábio pode ser desmentido, o inepto terá sempre razão. Viveu para nada e nada o lembra, ao outro lembram-lhe sempre o erro; e pode só ter sido um. Por isso, senhores que trabalhais para o futuro, lembrai-vos sempre de não trair o presente.

Circus

Num arame suspendido entre este e mais aquele
Flutua descontraído o funâmbulo persistente
( Porque não persistindo cai )

Caminha, porque de caminhar se trata
Em fio cortante de navalha ausente
( Porque fez a barba de manhã )

Não vos disse, de mau, a distância que vai ao chão
Mas tereis visto já que é curta
( Porque a queda assim não doí )

Já o trapezista confia plenamente
Na habilidade, no instinto e na rede
( Sim, que a parvoíce já paga imposto )

E pode voar, voar, voar
Que sabe que no poleiro tem destino assegurado
( preso em corda grosa em quatro apoios)

Os cavalos tigres e leões
Apanham e aprendem
( A Arena tem um preço )

A Primavera

A Primavera chegou sem pezinhos de lã, que já não são precisos, que já está pró quente. Março forrou-me o quintal de verdes novos, e o cheiro, quando não sopra de Sul e só cheira a Etar, entra nas narinas e provoca convulsões cardíacas. Só me apetece gemer e namorar. As mulheres não gostam de mim porque eu sou bruto. Sou bonito, mas bruto. E pobre. Gostava de ser rico para ser bruto à vontade. Mas analisando, eu já sou bruto à vontade, e pago menos impostos. Vou então contentar-me em ser bonito, bruto e só. Mal acompanhado quando me convier, claro.

Antigamente não gostava da Primavera porque não tinha roupa de meia estação. Agora tenho, mas não é por isso que comecei a gostar dela, foi o nariz. Antes de vir para aqui era escravo das rinites, e passava toda a santa estação a espirrar e a assoar. Aqui, com o mar acolá, o iodo ou a brisa abriram-me o sentido, e posso, com cuidado e concentração, definir no ar os aromas novidade que esta renascença trás. Agora tenho cinco sentidos, e a Primavera ganhou cores novas.

Fim D'hoje

Comecei a falar de duração. Este vai ser curto

Adenda

A existência de Deus e o Adeus serão primos Teológicos, ou a Divindade nunca se despede?

Comments:
eu não sou de intrigas....mas acho que os deuses te habitam....mesmo que escondidos nas asas de uma provável primavera...


linear?


não.



consistente.



Xy.


:)))
 
"Há entre nós no espaço oblíquo do palmo
Que nos separa a diferença solar
De um mesmo céu nuvem e ardor
Há vontade de dizer em ti a amplitude e o gesto"....teu que de rompante rompe qualquer melancolia...azul?

Lorca contigo e nos espaços quiméricos de todas as cinco horas de todos os dias. em que te inscreves.....


se gosto?


gosto.

muito.


pelo terrível e fantasioso desafio a que te nos propões....


belíssimo.



_________________Xy....(sem "cenas")


:))))
 
Eran las 5 de la tarde...
 
eu é que escrevo é?????


________________________


ao pé de Ti sou uma escriturária....:))))

Vou-me!
 
eram horas de te re.ler.










beijo.
 
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