Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

quarta-feira, março 28, 2007

 
17º.

A pausa como passo, o intervalo como acto entre actos, a janela fachada fechada ou aberta marcando, ritmando. O entre. O entretanto, o intermédio, o entrevisto. O ruidoso silêncio. O ruinoso barulho. O som como edificado, a falta dele como parábola campestre. O ensurdecedor bosque, a calma esplanada bordejando o boulevard com vista para escape e motor. A cegueira como calma. A surdez como loucura. O terceiro lado da moeda. A esquina que persigna quem não sabe o que a sucede. O entreposto, o posto, o susto. O medo. A covardia. O ousar o outro, o amar o diferente, o igualizar. O escrever sem sentido o verso das coisas, porque as coisas não têm versos, são versejáveis. A amplidão como falta de opção. A liberdade como mito. O Eu.
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Nada mau como programa literário.
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Estou a reler Hermann Hess. O jogo das contas de Vidro. Segue-se Sidarta. Ando a meditar. Não ando a escrever. Não sei, a vida pediu-me uma marcha-atrás, e eu fiz-lhe a vontade. A seguir vou voltar a Faulkner, depois não sei. Talvez Steinbeck. Ainda não sei. Mas definitivamente para trás.
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Não porque sim
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Atravesso o espaço meu
Desconstruído
A memória de um viver
Definitivo
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No espaço arqueológico
Da minha lógica
Cavar é minha busca
Escatológica
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Autopsiar-me vivo
Crente
Procurar neste passado
O mim presente
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Ai eu
Ai de mim
Ai sim
Não porque sim
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Atravesso o espaço meu
Definitivo
Alicerce base e estaca
Do eu que sou
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Ai memória o que é viver?
Desconstruído
Na ruína que não fiz
Mas é presente
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Ai eu
Ai de mim
Ai sim
Não porque sim
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Interlúdio Romântico

Amor de Nós
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Dos vários tipos de amor gosto do furtivo e incompleto amor que ainda está por se exprimir, dos olhares trocados como moedas velhas de que se tem algum nojo, dos suspiros inaudíveis que se creem trespassar paredes, dos ais e uis do que será o amor de nós; gosto de esperar a primeira palavra, do primeiro olhar de franco desejo, daquela frase do Vanila Skyes pleasure delayer ( perdoa-me Penelope ) do saber que se quer e mutuamente ainda por cima e não fazer nada porque sofrer assim é bom. Gosto francamente da espera que nos evita os nãos e as responsabilidades dos sins sobretudo, se ela nos ama e não nos diz e se nós a amamos e nada dizemos e os Se todos que servem de alicerce ao futuro do amor de nós. Por exemplo amo agora uma menina que me perdoe se é senhora que eu francamente não sei, e é assim um ping-pong errático quando nos cruzamos dos tais olhares dos tais suspiros que de invisíveis rebentam como nuvens de trovão; agora se sou amado já não sei e mais uma vez francamente nem quero saber porque é bom sofrer assim, é uma espécie de cócega estes ses todos a rabicharem na alma, mas julgo que sim e se não ela que mo diga que eu não me ofendo. Assim defendido o amor de nós, devia ter ido para advogado, mas não sou, sou um simples assistente e como tal assisto e não pago nada e sigo assistindo como se não houvesse fim para o espectáculo das delícias dela; assim defendido o amor de nós, devia ter ido para juíz para adiar a causa ad eternun e permanecer este amor de nós por julgar em processo convenientemente arrumadinho e coberto pelo pó dos anos e seriamos felizes para sempre até ao supremo ou amnistiados ou perdoados pelas festas. Ai este amor por ti menina que agora ficas e daqueles que dói mesmo bem, e olhar para ti é igual a voar baixinho por entre sonhos muito altos e escrever-te poemas cheios de esperanças; ai menina se houvesse eco, ai menina se só ti quisesses, ai menina que não te vi hoje, ai menina se tu já te foste, ai menina onde estás, ai menina como estás, ai menina só. Amor de nós defendido, e nada saber da parte contrária é contraditório, mas quero lá saber! Na justiça poética o manual não é escrito à mão, o código não segue por estradas, e se eu decido amar sou ditador de cátedra, e Amo! Segue este coração o seu ritmo próprio, e nada nem ninguém lhe dita regras; sou assim se me quiseres menina, e não vale a pena ter pena. Agora, sem defesas, transformado este amor de nós em amor por ti, nada tenho para te dizer que já não te tenha dito: E se não ouviste, quero lá saber, e se não me viste olhar quero lá saber, e se nunca me viste quero lá saber; seguirei amando este amor de nós até que cesse, ou até outro amor de nós me faça esquecer o nosso. Terei pena, aí sim, de me esquecer de ti mas ficam os poemas dedicados a que nunca tirarei os títulos, e se esperavas promessas esta é a única que te faço. Adeus agora menina, amor de nós e mais uma vez Mozart, clarinete e melancolia, que é tarde e tenho de me ir.
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Fim D'hoje
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Nem sequer comecei.
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Adenda
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A memória é um tabuleiro de xadrez a que faltam peças, que podem ter sido comidas, mas não me lembro


Comments:
__________________
a memória como jogo

ou

o

jogo da memória.



acesa.



escrita.


no verso da tua escrita.

reverso?



_____________

beijo.
 
é oficial: vou "linkar-te".
 
Reli mais ou menos há 3 meses o Sidarta e mais uns quantos do Hermann Hess, até coloquei alguns excertos do Elogio da Velhice e do Sidarta no meu outro pequenos nadas (o 1º).

Sabe bem revisitar o passado, abrir o baú das memórias e afastar as teias invisiveis, do esquecimento. Pena é ter muitas vezes que voltar ...

Um bom dia, e um beijinho
 
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