Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

quinta-feira, junho 21, 2007

 
28º.

A auto análise. A mesma síntese. O problema sou eu, o mundo e as danças do salão que nos coube. Ontem ouvia tangos pelas entradas da noite, mas não rodopiava. Estava estático a deixar bailar o som. Parei a música, e no ligeiro vibrar do imediato silêncio pareceu-me ver o pratear do Rio de La Plata, e o resmungo de Buenos Aires ( Querida ). O meu telemóvel toca o Libertango quando toca. Eu ouço o Libertango quando posso. E quando alguém se lembra de mim. Todos os que me falam são antecedidos por Piazzolla. Há uma liberdade enclausurada no Nokia. Todos os que me falam são ligeiramente Argentinos. Tenho uma tshirt com o surfista prateado. Mais Argentino não há.

Das danças que dançamos
Não me restou nada
Mas não era para isso
Que afinal dançávamos

Era a tontura e os olhos fixos

Era o corpo de som
Partilhar lugar
Sorver movimento
Apenas tanguear

Eram as mãos e as costas

Éramos par e tontura
Nas noites clássicas
A memória futura
Não existia ainda

Para onde vai a música quando vai?

Pela janela entra sorrateiro
Um fantasma de um teu cheiro
Já não danço
Faltas tu

Promenade

A melancolia, a saudade e a nostalgia foram fazer uma excursão a Lourdes. A melancolia enjoou, a saudade chorou, a nostalgia suspirou. Acenderam as três uma velinha à Virgem. Voltaram por Santiago. A melancolia constipou-se, a saudade comprou uma vieira, a nostalgia queria voltar a França. Acenderam as três uma velinha ao Santo. Acabaram em Fátima. A melancolia desmaiou, a saudade comprou um Rosário e a nostalgia adormeceu. Almoçaram bem com o resto do dinheiro. Prometeram começar a próxima excursão em Meca.

Dog

Ontem um cão na praia lembrou-me o teu. Encontrei um búzio enrolado na onda e não o trouxe. Era pequenino, não ia crescer mais, ficou. Mais ou menos como nós. Um grande cão cheio de paz ladra-me rouco. E sinto na perna esquerda uns dentes que deixaram de lá estar. Mais ao menos como uma espécie de Santo. O milagre da remoção dos dentes. Olha o cachorro louco, fofinho, cachorro louco vai virar um passarinho, olha o cachorro louco, legal, vai brincar, vai brincar no Carnaval…

Adenda

E se trocássemos a nau pelo now?

Adenda 2

Carlinhos Brown, Cachorro Louco, in Omolete Man ( ó ié! )

Adenda 3

Não sendo este sítio para fazer política nem esgrimir argumentos, não acreditando sequer que é o político o motor do económico, e ainda menos do social, há nesta nossa mátria um esforço deliberado para muscular a Democracia. Temos tradição no campo dos Capitães. Não dos Coronéis. E entre Tangos e Salsas, estou perfeitamente convencido que alguém perderá o pé. Esperemos que no processo não leve o que nos resta de pernas. O Sr. Engenheiro é um candidato a tiranete com manias de déspota mal iluminado. Farei, no que possa, parte do esforço para lhe apagar a vela.

Comments:
Vê o meu dia 15 de Maio e considera-o teu. Tivesses feito este poema antes e era lá que o colocava. E escolhi um adeus. Porque é que uma música impregnada de sentimento invoca a ausência, a partida, o adeus? Não devia ser assim .

Promenade
Quando forem a Meca avisa-me. Eu acendo uma vela para que fiquem lá de vez.
Não a apagues tu a ninguém, há quem se sinta feliz por ser iluminado :)

beijos
 
"re.analiso.me.Te".





excelente "ensaio".





xy.
 
está tudo bem Paulo?




________________



beijo com beijo.
 
Tudo bem. Desinspirado e chateado com o constante vento. Que eventualmente deixará de soprar. Xy, cabelo solar.
 
ainda bem...
Paulo.


levei o beijo.



xy.
 
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