Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

terça-feira, outubro 02, 2007

 
b)

Trinta e nove é o meu número de anos. Este seria o quadragésimo post deste blog. Ora, trata-se aqui de “Outro Tempo” como o próprio nome indica ( é checar, senhores, o cabeçalho ). Assim, não me apetecendo o cronológico, será servida a mistela com titulagem diversa, desta vez com alíneas. Começo, como me parece óbvio, pela alínea b). Se não parecer óbvio a mais ninguém, sou eu que estou mal. E assim terei espaço para melhorar, pelo menos aos olhos de alguém mais óbvio que eu. Eu não sou lá muito óbvio, excepto quando tento namorar. Aí, sou demasiado óbvio. Mas a perfeição é propriedade exclusiva da divindade, como é óbvio. A nós cabe melhorar.

De repente assalta-me um parêntesis. O outro dia estava a beber o meu jackzinho esperando a pandilha, e conheci o faísca e o dono. O dono era fã do esperanto e sofria da próstata. O cão, velho, ficou à minha guarda, um ror de vezes “é que ele vem sempre atrás de mim”. Enquanto o carregava de festas, solidamente agarrado a uma corrente ecléctica, composta de materiais de origem diversa, dos quais destaco, como é óbvio, uma corrente daquelas que antigamente serviam para tapar as banheiras, fiquei na ponte da ternura entre bicho e homem, entre xixis e fidelidades. Aquando uma das suas numerosas voltas, que faísca saudava sem qualquer efusão, fui acusado de ser um Cristo. Atribuí ao cabelo comprido, como é obvio. Espero que durem. Pelo menos, de aqui ficarem já não se livram.

Ponte de ternura é bonito.

Alinhavando

Estou quase a ficar sem Interlúdios Românticos; estou, também, sem pachorra de andar atrás dos que restam. Quando voltar, voltarão os primeiros. Assim, e tendo inaugurado as alíneas, e alinhavar entre alíneas ser também bonito, irei alinhavando umas coisas aqui pelo meio, para dar corpo à coisa. Como mandei a tv cabo à fava, a realidade, que para mim já era distante, afastou-se ainda mais. O meu dia a dia anda a ser partilhado com pouca coisa, e só leio um jornal por semana por economia de espírito, e volta e meia há coisas importantes que me escapam. Por exemplo, esqueci-me completamente do que queria aqui alinhavar.

Fim D’hoje

Enquanto a quantidade de mim diminui fruto de uma dieta alarve, começo a notar, numa progressão paralela, que a atenção que me prestam aumenta consideravelmente. Resta saber se é uma atenção que preste. Como devorador de beleza e gastador de espelhos, não sou ninguém para criticar. Mas no me mires assi, guapa, que me derrito.

Adenda

“O Pessoa era o Alves dos Reis da Literatura. Tinha várias identidades e usava nomes falsos” Henrique Medina, pintor de nus para a casa de jantar, séc. XX

Adenda 2

Reler, quando houver dinheiro, “O Banqueiro Anarquista”

Adenda 3

“Já não me magoas
Já só me torturas”

Anónimo, Sudoeste Asiático, anteontem

Comments:
gostei deste meio prosaico, meio humorista, meio dandy.
arranja-se, aqui, um todo deveras interessante...

para que não digas que não falei da tua beleza :)




beijos
 
interessante... diferente!
 
isso nem é idade....(é a inveja a falar)..:)))


__________________



e a deixar pontes. de toda a ternura.


com a admiração. por seres capaz de escrever assim...


beijo Paulo.
 
" A fotografia devia vir legendada. Não se entende nada. Xy, de qualquer modo."


ke koisa Paulo....:))))a fotografia tá legendada sim!!!!!!!!!!!

o que te salva...:) é que eu "adoro" os teus "tempos"...

ou seja, para que não haja mal entendidos desnecessários, adoro a tua escrita...enfim coisas...

___________quando fores crescido...:)))) nem quero imaginar...
(brinco)

_________________beijos.

(e volto...)
 
Ai!
"Já não me magoas
já só me torturas"...

Não! Isso é dar-lhe espaço a mais, espaço demais.
Tempo antigo e outro tempo, não... quando deixa de magoar tem de deixar de ser. Ponto. Fim.
Memória, névoa, pedaço vago (não vazio, vago!) e distante ainda que já ali...

...
trinta e nove é o meu número, também. :)
e eu sou sempre óbvia, é um fado!
quanto à perfeição... acho que sabes o que penso dela: não gosto! na generalidade... só a estimo imensamente, no trabalho...

"Ponte de ternura" é muito bonito!!!

Acho que nunca ficarás sem Interlúdios Românticos! :) ok ok, pode ser que, tecnicamente, eles te estejam a acabar mas, na verdade, tu és muito bom a encontrar novos!

Pronto... já chega. Lá ando eu a escrevinhar demasiado!
pois é! a que sou está de volta!
(e refinou... no mau feitio! claro!)
;)
 
Sou costureirinha de bairro, tenho linhas e alfinetes para um alinhavo a preceito mas falta-me o resto para adornar a riqueza do tecido que é a tua escrita.

Gostei de te ler, como sempre.

Um beijinho
 
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