b)
Trinta e nove é o meu número de anos. Este seria o quadragésimo post deste blog. Ora, trata-se aqui de “Outro Tempo” como o próprio nome indica ( é checar, senhores, o cabeçalho ). Assim, não me apetecendo o cronológico, será servida a mistela com titulagem diversa, desta vez com alíneas. Começo, como me parece óbvio, pela alínea b). Se não parecer óbvio a mais ninguém, sou eu que estou mal. E assim terei espaço para melhorar, pelo menos aos olhos de alguém mais óbvio que eu. Eu não sou lá muito óbvio, excepto quando tento namorar. Aí, sou demasiado óbvio. Mas a perfeição é propriedade exclusiva da divindade, como é óbvio. A nós cabe melhorar.
De repente assalta-me um parêntesis. O outro dia estava a beber o meu jackzinho esperando a pandilha, e conheci o faísca e o dono. O dono era fã do esperanto e sofria da próstata. O cão, velho, ficou à minha guarda, um ror de vezes “é que ele vem sempre atrás de mim”. Enquanto o carregava de festas, solidamente agarrado a uma corrente ecléctica, composta de materiais de origem diversa, dos quais destaco, como é óbvio, uma corrente daquelas que antigamente serviam para tapar as banheiras, fiquei na ponte da ternura entre bicho e homem, entre xixis e fidelidades. Aquando uma das suas numerosas voltas, que faísca saudava sem qualquer efusão, fui acusado de ser um Cristo. Atribuí ao cabelo comprido, como é obvio. Espero que durem. Pelo menos, de aqui ficarem já não se livram.
Ponte de ternura é bonito.
Alinhavando
Estou quase a ficar sem Interlúdios Românticos; estou, também, sem pachorra de andar atrás dos que restam. Quando voltar, voltarão os primeiros. Assim, e tendo inaugurado as alíneas, e alinhavar entre alíneas ser também bonito, irei alinhavando umas coisas aqui pelo meio, para dar corpo à coisa. Como mandei a tv cabo à fava, a realidade, que para mim já era distante, afastou-se ainda mais. O meu dia a dia anda a ser partilhado com pouca coisa, e só leio um jornal por semana por economia de espírito, e volta e meia há coisas importantes que me escapam. Por exemplo, esqueci-me completamente do que queria aqui alinhavar.
Fim D’hoje
Enquanto a quantidade de mim diminui fruto de uma dieta alarve, começo a notar, numa progressão paralela, que a atenção que me prestam aumenta consideravelmente. Resta saber se é uma atenção que preste. Como devorador de beleza e gastador de espelhos, não sou ninguém para criticar. Mas no me mires assi, guapa, que me derrito.
Adenda
“O Pessoa era o Alves dos Reis da Literatura. Tinha várias identidades e usava nomes falsos” Henrique Medina, pintor de nus para a casa de jantar, séc. XX
Adenda 2
Reler, quando houver dinheiro, “O Banqueiro Anarquista”
Adenda 3
“Já não me magoas
Já só me torturas”
Anónimo, Sudoeste Asiático, anteontem