Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

segunda-feira, março 31, 2008

 












III
( em Latim )

Uma trepidação obscura
Porquanto epidérmica
A sombra da tua mágoa
Transpõe

Pode ser qualquer mágoa
Ou qualquer sombra
Mas é concreta sombra
E definitiva mágoa

( atribuo-ta
porque o teu nome é agora mágoa
dois-me menos magoada? )

Um pináculo de equilíbrio
Vê de ti o olhar baço
De distância e ignorância
O meu olhar de equilíbrio

E sei que não faço ideia
Mas faço uma ideia
A ideia fixada por ti
Quando te fixava nos olhos

( atribuo
ao tempo que me rege
o dever de fixar lugares )

Temo a pele que largo
Eu a serpe descascada
Mas como sempre a cauda
Desbocado e eterno

( vi num portão
na irónica R. de S. Pedro
com o meu céu na mão )

A pele que largo
Porque me fiz maior
Maiores os meus medos
E o saber lida-los

A música abafa
A pressentida alma
E verdadeiramente deixei de querer
Saber

Agora, só mesmo sentir
Na lisura da epiderme nova
Os novos e concretos medos
E os novos e suaves dias

Adenda

Foto gamada em "filhodalua"


sexta-feira, março 28, 2008

 
II
(em Latim )

ICH={[(I)O](J[E)U]}
.
.

quarta-feira, março 12, 2008

 
I
( em Latim )



Acabou a limpeza da Primavera. É estranho o limpar a Primavera. O meu Prity-prity ( é o petit-non do meu jardim ) está pronto para as madressilvas e as andorinhas. As madressilvas este ano portaram-se diferente. Muita folha muito cedo, nada de flores. Ontem, para as provocar pus-me a ouvir Gardel. Depois ouvi as golondrinas. Vi-as já, mas vinham em patrulha. No domingo de Carnaval. Foram embora outra vez. Eram cinco, no espaço entre as margens do rio. Andaram a mexer no rio. Se calhar não gostaram da qualidade da intervenção. O sentido estético das bestas não cessa de me surpreender. Mas foi bonito ver um tractor de enormes lagartas desalojar um muro demasiado burguês para o séc. XXI. E o rio tem patos. Bravos. Bravo! Um pequeno bestiário luso. Se bem que a andorinha seja transcontinental, como tal cosmopolita.

( Manifesto Projeccionista Português )

Os abaixo assassinados pelo fluir do tempo. Decretam, pela manifesta capacidade de opinar, que sim. Somos projeccionistas. Enterramos, sem pompa devida, o moderno o novo o actual e até o pra lá. Num revisionismo pré-histórico. Ou algo. Assim. Funda-se. )

Interlúdio Romântico

Cesariny

Quando morre um surrealista o mundo fica mais surrealista. A televisão mostra imagens desconexas feitas para serem desconexas e procura-lhes uma conexão que caiba no soundbite. Cesariny foi a enterrar sem presidente da câmara e sem sequer um ministro. Foi de ajudante. E o sr. presidente fez-se esperar um quarto de hora; cadáver à chuva. Bela tela. Confesso que não gostava dele. Daquelas coisas há pessoas que nos enfadam. O pouco que vi dele na exposição dos surrealistas no Chiado era pobre em comparação com o magnifico Vespeira, por exemplo. Do que escreveu li pouco, e não lembro. Agora a atitude colorida no Portugal cinzento nem Almada nos anos dez a levar Lisboa para o futuro à biqueirada se preciso for. Disse não e disse não até poder. Vi-o receber uma faixa no cadeirão da sala, há pouco tempo, como a dizer querem encomendar-me, venham cá casa. Eu aceito. Buscar não vou. Não posso. Custa-me. Nem sou boby. O Surrealismo chamou Arte ao Sonho. E da serenidade de Magritte ao olho cortado de Dali e Buñuel, abrigou em si todas as revoltas e todas as vitórias de um século. Poucas vezes um movimento causou tanto movimento. E no proibido proibir de 68, e nos alucinados cravos de 74 andava um Cesariny a assobiar zarzuelas. Feliz. Morreu de velho e sabia que o mundo estava melhor do que quando era novo. Mais um cadáver esquisito.

( morreu. Eu não o conhecia. O português não é língua morta. )

Fim D’hoje

Esta parte da rede é de duas ( pelo menos ) caras. É assim que é para mim. Eu não sou exactamente o que, senhores, vos exponho. Mas sei, porque me ensinaram, que a v. cara também não é exactamente a que me olha. Assim, onde as circunstâncias me depuseram, digo, com uma clareza não cristalina, que o cristal está caro, mas vítrea: Boas férias. As amigas que se massam ainda a ler-me, anda penoso o comentário. Eu sei porquê, mas não digo; mas comentarei, vindo Tempo.

Adenda

“As regateiras são como os pandas; em extinção mas queridas” A. Malhoa, Mestre-Escola, n.d.

Adenda 2

E se começou no a

Adenda 3

“A capacidade de processamento é igual à totalidade dos dados; O tempo ganha as guerras” Napoireon, designer de camisolas interiores, n.d.

O Cantinho da Musicologia

– Gardel, Carlos; EMI, 1997; f. 13 “Madreselva, tango”; f. 6 “ Golondrinas, tango canción”
– Almodôvar, Pedro, uma p***a de uma colectânea com música de películas próprias
Mi – Ou como diriam os Ena-Pá, pôrra

Adenda 4

Hó-ié

Adenda 5

“ Os acordos ortográficos não devem ser assinados verbalmente” José, enginier, completamente séc. XX

sábado, março 08, 2008

 
i)

Na ambiguidade plena de ser
Eis-me!
Pleno da natural essência
De estar vivo
São
E disposto

Eu sou
Independentemente da forma
Essencial
E basicamente basta-me
O eu que vejo ao espelho
Grande
Que descobri pelos meus móveis velhos

Ai a grandeza do palmo
Só se mede pela mão alheia
Medida de todas as coisas
A capacidade
Sou eu

E a responsabilidade
É minha

Ai o fardo leve da culpa
Nos meus ombros largos
Ai as minhas mãos
Medidas
Do peso , apenas, de meu fardo

Adenda

" O funâmbulista da felicidade é dono da largura do seu arame" Dr. Tempo, meditando sobre o equilibrio

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