Outro Tempo

Porque às vezes mais não é suficiente

quarta-feira, março 12, 2008

 
I
( em Latim )



Acabou a limpeza da Primavera. É estranho o limpar a Primavera. O meu Prity-prity ( é o petit-non do meu jardim ) está pronto para as madressilvas e as andorinhas. As madressilvas este ano portaram-se diferente. Muita folha muito cedo, nada de flores. Ontem, para as provocar pus-me a ouvir Gardel. Depois ouvi as golondrinas. Vi-as já, mas vinham em patrulha. No domingo de Carnaval. Foram embora outra vez. Eram cinco, no espaço entre as margens do rio. Andaram a mexer no rio. Se calhar não gostaram da qualidade da intervenção. O sentido estético das bestas não cessa de me surpreender. Mas foi bonito ver um tractor de enormes lagartas desalojar um muro demasiado burguês para o séc. XXI. E o rio tem patos. Bravos. Bravo! Um pequeno bestiário luso. Se bem que a andorinha seja transcontinental, como tal cosmopolita.

( Manifesto Projeccionista Português )

Os abaixo assassinados pelo fluir do tempo. Decretam, pela manifesta capacidade de opinar, que sim. Somos projeccionistas. Enterramos, sem pompa devida, o moderno o novo o actual e até o pra lá. Num revisionismo pré-histórico. Ou algo. Assim. Funda-se. )

Interlúdio Romântico

Cesariny

Quando morre um surrealista o mundo fica mais surrealista. A televisão mostra imagens desconexas feitas para serem desconexas e procura-lhes uma conexão que caiba no soundbite. Cesariny foi a enterrar sem presidente da câmara e sem sequer um ministro. Foi de ajudante. E o sr. presidente fez-se esperar um quarto de hora; cadáver à chuva. Bela tela. Confesso que não gostava dele. Daquelas coisas há pessoas que nos enfadam. O pouco que vi dele na exposição dos surrealistas no Chiado era pobre em comparação com o magnifico Vespeira, por exemplo. Do que escreveu li pouco, e não lembro. Agora a atitude colorida no Portugal cinzento nem Almada nos anos dez a levar Lisboa para o futuro à biqueirada se preciso for. Disse não e disse não até poder. Vi-o receber uma faixa no cadeirão da sala, há pouco tempo, como a dizer querem encomendar-me, venham cá casa. Eu aceito. Buscar não vou. Não posso. Custa-me. Nem sou boby. O Surrealismo chamou Arte ao Sonho. E da serenidade de Magritte ao olho cortado de Dali e Buñuel, abrigou em si todas as revoltas e todas as vitórias de um século. Poucas vezes um movimento causou tanto movimento. E no proibido proibir de 68, e nos alucinados cravos de 74 andava um Cesariny a assobiar zarzuelas. Feliz. Morreu de velho e sabia que o mundo estava melhor do que quando era novo. Mais um cadáver esquisito.

( morreu. Eu não o conhecia. O português não é língua morta. )

Fim D’hoje

Esta parte da rede é de duas ( pelo menos ) caras. É assim que é para mim. Eu não sou exactamente o que, senhores, vos exponho. Mas sei, porque me ensinaram, que a v. cara também não é exactamente a que me olha. Assim, onde as circunstâncias me depuseram, digo, com uma clareza não cristalina, que o cristal está caro, mas vítrea: Boas férias. As amigas que se massam ainda a ler-me, anda penoso o comentário. Eu sei porquê, mas não digo; mas comentarei, vindo Tempo.

Adenda

“As regateiras são como os pandas; em extinção mas queridas” A. Malhoa, Mestre-Escola, n.d.

Adenda 2

E se começou no a

Adenda 3

“A capacidade de processamento é igual à totalidade dos dados; O tempo ganha as guerras” Napoireon, designer de camisolas interiores, n.d.

O Cantinho da Musicologia

– Gardel, Carlos; EMI, 1997; f. 13 “Madreselva, tango”; f. 6 “ Golondrinas, tango canción”
– Almodôvar, Pedro, uma p***a de uma colectânea com música de películas próprias
Mi – Ou como diriam os Ena-Pá, pôrra

Adenda 4

Hó-ié

Adenda 5

“ Os acordos ortográficos não devem ser assinados verbalmente” José, enginier, completamente séc. XX

Comments:
Eu leio-te e gosto do que leio

sem frete !

Não comento mais vezes poirque me dá sempre a sensação que falo com uma parede. Não há da tua parte quaquer espécie de feedback em nenhum dos canais utilizados. Não sei gerir silêncios ...

Um beijo, fica bem
 
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